
Fonte: Cristo Jovem
Audácia
O tema do próximo domingo (31 de Maio) é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas consequências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numamesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
Reflectindo o Evangelho
Depois de sete anos a colaborar na catequese, a Susana pensava em desistir. De há uns tempos para cá parecia que nenhuma catequese lhe corria bem, os miúdos estavam sempre irrequietos e desatentos e o imenso trabalho que tinha durante a semana a preparar a catequese parecia ser em vão. «Vou aguentar mais este ano que está a chegar ao fim e depois desisto».
De certeza que todos conhecemos casos parecidos com este e talvez até já terá acontecido connosco uma situação idêntica. Parece que, por vezes, o esforço enorme e generoso de alguém em favor do Reino não produz efeito ou, pior ainda, parece ser mal acolhido por aqueles a quem se dirige.
A solenidade de Pentecostes que celebramos neste Domingo lembra-nos a origem e o destino do nosso esforço em favor do Reino de Deus. Ele começa no Espírito que o Senhor Jesus nos envia para nos fortalecer e produz frutos por obra desse mesmo Espírito. É Ele que é capaz de «renovar a face da terra» (ver Salmo) ainda que nos pareça que o nosso trabalho de nada serviu. É Ele que é capaz de extrair da nossa multiplicidade e variedade a unidade, de fazer de muitos membros um só corpo (ver 2.ª leitura). É Ele que é capaz de superar as nossas fraquezas, as nossas limitações, de perdoar os nossos pecados (ver Evangelho), fortalecendo-nos com uma força pacífica, enchendo-nos de paz (ver Evangelho) de modo a sermos capazes de, com a nossa língua, «proclamar as maravilhas do Senhor» (ver 1.ª leitura).
Vivendo o Evangelho
Os primeiros momentos dos Apóstolos após a ressurreição de Jesus foram momentos de medo e desânimo, mas também de audácia e coragem. A vinda do Espírito Santo Protector, prometido por Jesus, fez com que aquele grupo de homens assustados não desistisse da tarefa enorme que Ele lhes confiara. Tornou-os audaciosos e corajosos.
É também a nós que o Espírito Santo Protector é enviado, para que também sejamos capazes de vencer os medos e desânimos que frequentemente surgem, para que sejamos capazes de compreender que o sucesso do nosso trabalho não depende apenas de nós, mas sobretudo d’Aquele que nos envia a trabalhar.
A Caminho
Farol d Luz
Passam quarenta dias. A frescura do ambiente pascal mantém-se. A própria natureza, com toda a sua beleza própria da Primavera, faz-nos contemplar e lembrar a maravilha da Ressurreição. Tudo nos faz elevar os horizontes para o Horizonte: é a Ascensão de Jesus.
Nesta Solenidade, a Igreja celebra o “triunfo” e a “vitória” de Cristo sobre a morte; é a Sua plena glorificação que se iniciara já no dia da Sua Ressurreição.
Mas, esta subida de Jesus para junto do Seu Pai não é sinal de ausência, de indiferença. Como verdadeiro e fiel amigo, Jesus não nos deixa sós, mas promete enviar uma força que, estando em nós, nos permite continuar ao longo de todos os séculos e em todo o mundo a Sua missão. Ainda antes da elevação ao céu, deixa mais um segredo/missão aos seus discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (ver Evangelho). Aquela que fora a missão de Jesus é agora confiada aos discípulos.
Hoje, somos nós os seus discípulos. O mesmo imperativo é-nos colocado. A nossa missão aparece como o prolongamento da missão de Jesus, mas apoiada por Ele; só vivendo com esta e nesta Orientação poderemos ser verdadeiros discípulos - testemunhas da Ressurreição, anunciadores da Sua alegria e do Seu perdão, sabendo que somos portadores da força do Espírito Santo e que, por isso, tudo aquilo que fazemos não deve servir para mérito próprio, visto que o que anunciamos não é pertença nossa mas tem a sua essência no próprio Jesus Cristo: “Recebereis a força do Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas” (ver 1ª Leitura).
Vivendo o Evangelho