sábado, 21 de novembro de 2009

COMO EDUCAR, HOJE?



A semana passada escrevi a Carta aos jovens. Desta vez olhemos os pais, uns e outros. Esta semana recebi este E-mail. Vejam bem: Os pais dos alunos com comportamentos violentos nas escolas britânicas vão passar a ser multados num valor que pode ir até aos 1450 euros. ‘As intimidações verbais e físicas não podem continuar a ser toleradas nas nossas escolas, seja quais forem as motivações’ sublinhou a Secretária de Estado para as Escolas. Disse também que ‘ as crianças têm de distinguir o bem e o mal e saber que haverá consequências se ultrapassarem a fronteira’. Acrescentou ainda que ‘vão reforçar a autoridade dos professores, dando-lhes confiança e apoio para que tomem atitudes firmes face a todas as formas de má conduta por parte dos alunos’.

A governante garantiu que ‘as novas regras transmitem aos pais uma mensagem bem clara para que percebam que a escola não vai tolerar que eles não assumam as suas responsabilidades em caso de comportamento violento dos seus filhos. Estas medidas serão sustentadas em ordens judiciais para que assumam os seus deveres de pais e em cursos de educação para os pais, com multas que podem chegar às mil libras se não cumprirem as decisões dos tribunais’. O Livro Branco dá ainda aos professores um direito ‘claro’ de submeter os alunos à disciplina e de usar a força de modo razoável para a obter, se necessário.

Em Portugal, como todos sabemos, o panorama é radicalmente diferente. Por cá, continua a vingar a “teoria do coitadinho”. Pergunta-se: Como educar hoje ? E como aprender ? Sabemos que aprender é um processo biológico. Cada ser para existir e para viver tem que se flexibilizar, se adaptar, se re-estruturar,, interagir , criar e evoluir com outros. Educar é fazer experiências de aprendizagem pessoal e colectiva. Por isso, há dias caiu-me nas mãos uma revista dum movimento juvenil que apresenta como é que adolescentes fazem parte de Grupos que analisam a violência na escola e na família. Juntos puseram-se a falar sobre a volência verbal e física, o desrespeito pelos outros, os conflitos e divórcios na família, comportamentos agressivos… e alguns culpam os pais pela má educação que dão aos filhos. Perante estas realidades partilharam uns com os outros o que tinham aprendido com Jesus acerca disto e comprometeram-se a trabalhar em grupo para modificar o ambiente, reconhecendo que os mansos e os pacificadores a quem Jesus se refere no Evangelho podem ser eles… E passaram a rezar: “Senhor fazei de mim um instrumentos da vossa Paz….”.

Para uma nova organização familiar, pais e filhos necessitam de definir novos papéis com flexibilidade. Os pais não devem abdicar da sua autoridade e com afecto e negociação permanente facilitarão a autonomia adolescente.


Pe. Batalha

Farol de Luz


JMJ 2011 lança site oficial


Está on-line o site oficial das Jornadas Mundias da Juventude de 2011 que terão lugar na cidade de Madrid.

Disponível em www.jmj2011madrid.com este será o principal elo de ligação da organização com os milhares de jovens esperados.

É sem dúvida um site a adicionar aos favoritos.

Papa quer renovar diálogo com os artistas


Bento XVI encontrou-se este Sábado com cerca de duas centenas e meia de artistas de todo o mundo, a quem pediu que sejam “testemunhas de esperança para a humanidade”. Entre os presentes na Capela Sixtina estava o poeta madeirense José Tolentino Mendonça.

A iniciativa – para a qual fora também convidado o cineasta Manoel de Oliveira, sabe a Agência ECCLESIA – assinalava o décimo aniversário da carta de João Paulo II aos artistas e o 45.º aniversário do encontro de Paulo VI com artistas, no mesmo local.


Perante artistas das mais diversas áreas, Bento XVI lançou um “cordial, amistoso e apaixonado apelo”: "Recordai-vos que sois os guardiães da beleza no mundo!"


"A fé nada tira ao vosso génio, à vossa arte, antes exalta-o, nutre-o, encoraja-o", assegurou.


O Papa fez um convite “à amizade, ao diálogo, à colaboração” aos cerca de 250 artistas, “de países, culturas e religiões diversas, porventura até mesmo distantes de experiências religiosas”, mas todos “desejosos de manter viva uma comunicação com a Igreja Católica, sem restringir os horizontes da existência à mera materialidade, a uma visão redutiva e banalizante”.


Com Bento XVI estavam pintores e escultores, arquitectos, escritores e poetas, compositores e cantores, e ainda artistas do mundo do cinema, do teatro, da dança, da fotografia.


O Papa explicou a todos que “com este encontro desejo exprimir e renovar a amizade da Igreja com o mundo da arte, uma amizade consolidada no tempo, pois o Cristianismo, desde as suas origens, compreendeu o valor das artes, utilizando sapientemente as suas multiformes linguagens para comunicar a sua imutável mensagem de salvação”.


Citando Paulo VI, em 1964, o actual Papa lembrou o compromisso então assumido de “restabelecer a amizade entre a Igreja e os artistas” e recordou as palavras dirigidas aos artistas no encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II, a 8 de Dezembro de 1965: “A vós todos, a Igreja do Concílio diz com a nossa voz: se sois amigos da verdadeira arte, sois nossos amigos”.


Bento XVI falou do nosso mundo actual, “marcado, não só por fenómenos negativos a nível social e económico, mas também por um enfraquecimento da esperança, por uma certa desconfiança nas relações humanas, razão pela qual crescem os sinais de resignação, de agressividade, de desespero”.


Neste contexto, o Papa recordou que “uma função essencial da verdadeira beleza, já evidenciada por Platão, consiste em comunicar ao homem uma espécie de ‘choque’ que o faz sair de si mesmo, o arranca à resignação, ao acomodamento ao quotidiano, o faz até mesmo sofrer, como um dardo que o fere, mas precisamente por isso o ‘desperta’, abrindo-lhe novamente os olhos do coração e da mente, dando-lhe asas, impulsionando em direcção ao alto”.


“A beleza, desde a que se manifesta no cosmos e na natureza àquela que se exprime através das criações artísticas, precisamente pelas sua característica de abrir e alargar os horizontes da consciência humana, de a lançar para além de si mesma, de a fazer debruçar-se sobre o abismo do Infinito, pode-se tornar um caminho em direcção ao Transcendente, ao Mistério último, em direcção a Deus”, prosseguiu.


Bento XVI declarou que “em todas as suas expressões, a arte, no momento em que se confronta com as grandes interrogações da existência, com os temas fundamentais de que deriva o sentimento do viver, pode assumir uma valência religiosa e transformar-se num percurso de profunda reflexão interior e de espiritualidade”.


O Papa evocou a investigação teológica desenvolvida por Hans Urs von Balthasar na sua grande obra “Gloria. Uma estética teológica”, onde escreve: “A via da beleza conduz-nos a captar o Todo no fragmento, o Infinito no finito, Deus na história da humanidade”.


Bento XVI disse aos artistas presentes que “tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e colectiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano”.


“Sede também vós, através da vossa arte, anunciadores e testemunhas de esperança, para a humanidade”, apontou, convidando-os a “não terem medo de se confrontar com a nascente primeira e última da beleza, de dialogar com os crentes, com quem, como vós, se sente peregrino no mundo e na história em direcção à Beleza infinita”.


(Com Rádio Vaticano)

XXXIV Domingo do Tempo Comum | 22.11.09


No 34º Domingo do Tempo Comum, celebramos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. A Palavra de Deus que nos é proposta neste último domingo do ano litúrgico convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus. O Evangelho, especialmente, explica qual é a lógica da realeza de Jesus.

A primeira leitura anuncia que Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a crueza, a ambição, a violência, a opressão que marcam a história dos reinos humanos. Através de um “filho de homem” que vai aparecer “sobre as nuvens”, Deus vai devolver à história a sua dimensão de “humanidade”, possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade. Os cristãos verão nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.

Na segunda leitura, o autor do Livro do Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio e o fim de todas as coisas, o “príncipe dos reis da terra”, Aquele que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de paz. É, precisamente, a interpretação cristã dessa figura de “filho de homem” de que falava a primeira leitura.

O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, Jesus a assumir a sua condição de rei diante de Pontius Pilatus. A cena revela, contudo, que a realeza reivindicada por Jesus não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como acontece com os reis da terra. A missão “real” de Jesus é dar “testemunho da verdade”; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha, no dom da vida.


Farol de Luz

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Oração da Semana dos Seminários


Palavra incriada e criadora,
Palavra incarnada e reveladora,
Palavra do Pai, salvadora,
Palavra no Espírito presente,
Palavra que convoca e provoca,
Palavra que chama e envia.
Faz de nós mensageiros fiéis e credíveis,
para que a tua Palavra seja recebida
nos corações de tantos jovens
que querem construir um mundo melhor,
que querem colaborar na edificação do Reino,
que querem encontrar o seu lugar na Igreja.

Carta aos Jovens


Amigos, um dia um jovem da Galileia foi à praia e encontrou-se com uns pescadores. Ele tinha um jeito tão simples de conversar que tocava o coração de quem o escutava. Esse era Jesus de Nazaré. Ele nas praias, no mar ou no rio, em casa de Zaqueu ou mesmo nos caminhos ao sol, contava histórias tão bonitas que enchia o coração de paz infinita. Na rua naquele poço e em casa de Simão, na relva ao entardecer, o mundo viu nascer a paz de uma esperança. A sua maneira de perdoar fazia o coração renascer. D’Ele diz as Escrituras sagradas: “Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos…Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém…”.Este testemunho é dado por aqueles que um dia Ele encontrou nas terras da Palestina e lhes disse: “Vem e segue-me !”. E eles deixando tudo seguiram Jesus. E na noite de quinta feira, antes de morrer, Jesus jantou, pela última vez, com os seus discípulos. Era o momento da despedida. Os discípulos ficaram tristes e preocupados. Depois de três anos de amizade e de vida comum, não era fácil a ideia de perder o amigo e enfrentar o futuro sozinhos. Jesus vendo a tristeza deles disse-lhes: “O Pai vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade… Fui-vos revelando estas coisas… mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará tudo” (Jo. 14,15-25). “Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força, e sereis minhas testemunhas, em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria e até aos confins do mundo” (Actos1, 8).”Ide fazer discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos”(Mt. 28, 19-20).Como continuar ? Como fazer diante duma tarefa tão grande? Jesus tinha deixado esta recomendação: “Pedi ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe!”

Iniciamos hoje a Semana de Oração pelos Seminários. A oração é o meio essencial que o Senhor nos deixou para obtermos vocações sacerdotais e missionárias: oração individual e colectiva. Só a oração pessoal dispõe o nosso coração para ouvir a Palavra e acolher a vontade de Deus a seu respeito, compreender a necessidade da Igreja e descobrir a grandeza de um projecto de vida dedicada ao serviço dos outros. Daí nas nossas Paróquias o que se faz com a LIAM e com o dia de Lausperene, à 5ª feira em Ribamar. Roguemos pois ao Senhor que suscite novos trabalhadores para o seu Reino e mantenha firme a resposta generosa dos que já chamou. Por exemplo das nossas terras: o P. Daniel (na Arruda dos Vinhos), o P. Gianfranco (na Atouguia), o P. Joaquim Pinheiro (no Ribatejo) e o P. Alexandre (Franciscano). Tanto eles como eu nos sentimos muito felizes nesta vocação a que o Senhor chamou. Se precisais de modelos que orientem a vossa vida, olhai para Jesus Cristo que primeiro vos amou e deu a vida por vós, olhai para Maria, sua Mãe, que se entregou sem reservas ao chamamento divino e olhai para tantas figuras da história da Igreja, tais como João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá, etc…

E tu ? Porque não? Aceita ser padre. Se Ele te chamar não tenhas medo. Olha para nós. Sentimo-nos bem realizados, felizes por Jesus nos querer como colaboradores seus. É o Senhor que fixa o Seu olhar amoroso em nós e nos dirige o convite para O seguir de perto.

Queridos jovens peço-vos que, de modo particular, olheis para a nossa Igreja diocesana. Vede nela a Mãe que vos gerou para Cristo, pelo Baptismo, que vos alimenta a Fé na Catequese, que vos comunica a vida espiritual pelos sacramentos, que vos reúne e congrega.

A Igreja de hoje precisa de vós. Transmito-vos o apelo e o convite de Jesus Cristo: “Porque ficais ociosos o dia inteiro ? Ide trabalhar para a minha vinha” (Mt. 20, 6-8).

Peço a quantos virem esta carta: às famílias, às comunidades religiosas, aos padres, aos grupos de apostolado e de espiritualidade, a todos os paroquianos…não podem esquecer, na sua oração de todos os dias, o objectivo essencial das vocações consagradas. “Pedi ao Senhor da messe…”

P. Batalha

domingo, 8 de novembro de 2009

Semana dos Seminários

A Igreja celebra entre 8 e 15 de Novembro a Semana dos Seminários. É uma ocasião e oportunidade de reflectir e rezar a vocação sacerdotal...

A Igreja celebra entre 8 e 15 de Novembro a Semana dos Seminários. É uma ocasião e oportunidade de reflectir e rezar a vocação sacerdotal e também o lugar dos Seminários como espaço e tempo em que discernem as suas vidas aqueles que Deus chama ao sacerdócio.

Este ano a Igreja desafia a que vejamos as implicações da Palavra de Deus na vocação ao Sacerdócio. Deus chama, Deus comunica-Se, Deus diz-Se. E, pela Palavra, o homem diz-se e responde.

Na nossa Diocese o Seminário é já uma experiência longa. Tem mais de 400 anos. Mudou de lugares e de circunstâncias e, evidentemente, mudaram as pessoas. Hoje o nosso Seminário está em Portalegre e Alcains, anda pela Diocese. E por Coimbra. E por Lisboa. Mas a razão de ser da sua existência e a sua finalidade continuam, ao ritmo da profecia que desafia qualquer tempo, a ser as de darem a experimentar a proximidade com Jesus que chama, ensina e envia. Para os jovens que entram em Seminário é uma continuidade da experiência que os apóstolos faziam à volta de Jesus. E hoje na alegria da certeza de Cristo ressuscitado. Os nomes dos nossos Seminaristas? O Gil no 6º ano e o Nuno no 5º, ambos em Coimbra; o Miguel e o Pedro, ambos em Lisboa. Alguns mais em Pré-Seminário.

No contexto deste Ano Sacerdotal a Semana dos Seminários tem uma intensidade maior. Rezamos pelos Sacerdotes e damos graças pela sua dedicação na Igreja; rezamos pelas vocações e ousamos a profunda confiança em Deus que faz crescer a nossa fé; rezamos pelos Seminários e, ao sentir tantas ausências, exercitamos a paciência evangélica de continuar a semear com gratuidade e de invocar a misericórdia de Deus para que as torcidas que ainda fumegam não se apaguem nem sejam cortadas as árvores que ainda não deram fruto.

A nossa Diocese viu, nos últimos anos, acontecer uma diminuição brutal no número dos jovens que entram no Seminário. Em poucos anos mudou muita coisa e de forma muito rápida. Não faltará, seguramente, quem ouse a verbalização de soluções quase “mágicas” e, sobretudo, rápidas. Tão rápidas, às vezes, que ultrapassam a própria vontade de Deus que se expressa na sacramentalidade e na apostolicidade da Igreja que vive na história. A nossa Igreja é uma Igreja apostólica. Não é sacerdotal, episcopal ou laical. É apostólica. Recebe-se de Deus pela mão de Apóstolos e congrega no mesmo Corpo, em comunhão, todos os baptizados entre os quais alguns são ministros (diáconos, padres, bispos) para serviço dos irmãos no rejuvenescimento e alimento constante da sua fé.

Todos os ministérios e carismas se congregam na unidade da Igreja. Mas como seria possível dispensar da Igreja aqueles que, por chamamento e envio, têm a missão de representar e expressar sacramentalmente a Cristo Senhor e Cabeça da sua Igreja?! Como seria a vida da Igreja se nos faltasse a Eucaristia, alimento da jornada presente (na Palavra, na Comunhão e no Corpo de Cristo) e alimento para a vida eterna!? Como seria a vida da Igreja se nos faltasse a experiência do acolhimento e da reconciliação que nos relança na vida do dia a dia com sentido novo e força renovada!? Como seria a Igreja se deixasse de ter, sacramentalmente, a capacidade de gerar novos filhos acolhendo-os como dom e de lhes dar Palavra e Pão?!

Desesperar da falta de vocações é mau e infecundo. Mas silenciar a identidade e o lugar dos padres na Igreja, relativizar a beleza do seu ministério, acentuar apenas as renúncias da sua vida é pior ainda. Isso seria calar o mistério da fé em que cada vocação nasce.

Esta semana pede-nos oração: de joelhos diante do Sacrário conhecemo-nos muito melhor a nós e ao nosso Deus que é Pai; pede-nos coragem: confiando na Palavra de Deus sentiremos a vida ser fecunda e frutificar; pede-nos revisão de vida: é tempo de “avaliar” a nossa alegria por sermos Igreja apostólica; pede-nos missão e evangelização: é tempo de relacionar a necessidade que sentimos de vocações sacerdotais com a capacidade que temos de chamar jovens ao Sacerdócio; pede-nos partilha: há tanto de nós que pode ser partilhado e distribuído em Igreja; pede-nos gratidão e acção de graças: quantas e quantas maravilhas Deus já realizou nas nossas vidas; pede-nos fé: vamos fazer o que Deus nos pede.

Cón. Emanuel Matos Silva

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

XXXII Domingo do Tempo Comum - 8.11.09


A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum fala-nos do verdadeiro culto, do culto que devemos prestar a Deus. A Deus não interessam grandes manifestações religiosas ou ritos externos mais ou menos sumptuosos, mas uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projectos, de acolhimento generoso dos seus desafios, de generosidade para doarmos a nossa vida em benefício dos nossos irmãos.

A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de uma mulher pobre de Sarepta, que, apesar da sua pobreza e necessidade, está disponível para acolher os apelos, os desafios e os dons de Deus. A história dessa viúva que reparte com o profeta os poucos alimentos que tem, garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

O Evangelho diz, através do exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva, qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa (que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de si próprios, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.

A segunda leitura oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor dos homens. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e que espera de cada um dos seus filhos. Mais do que dinheiro ou outros bens materiais, Deus espera de nós o dom da nossa vida, ao serviço desse projecto de salvação que Ele tem para os homens e para o mundo.


Reflectindo o Evangelho


“Ao pobre falta muito; ao avarento, tudo”. Este adágio popular parece resumir a mensagem da Liturgia da Palavra deste trigésimo segundo Domingo do Tempo Comum.

Reparemos nas duas leituras: a primeira descreve a vida de uma pobre mulher de Sarepta, que não tinha muitos bens materiais mas que, pela sua abertura, foi capaz de doar a sua vida aos apelos e desafios de Deus; chegou mesmo a partilhar os poucos alimentos que tinha com o profeta: “A mulher foi e fez como Elias lhe mandara; e comeram ele, ela e seu filho” (ver 1ª Leitura). No Evangelho é descrita a situação de uma mulher pobre e viúva e, como tal, marginalizada, ignorada pela sociedade. Mas, é precisamente a ela que Jesus vai dar relevo: Jesus olha para ela com compaixão, com carinho, com ternura. Na sua pobreza e com a sua pobreza, o pouco que tinha partilhou com os outros; os ricos até deram muito, tal como relata o Evangelho, mas esta mulher deu o pouco que tinha, o que aos olhos de Deus tem mais valor.

Outra crítica severa que Jesus faz neste Evangelho refere-se ao verdadeiro culto, à verdadeira religião. A Deus não interessam grandes solenidades, grandes sumptuosidades, nem muito menos servir-se da religião e do culto para obter lugares de prestígio e de domínio sobre os outros, pois se isso acontece é um grande impedimento para aqueles que querem fazer um verdadeiro caminho com Cristo. Ao mesmo tempo, Jesus chama-nos à atenção dos juízos que fazemos às outras pessoas; muitas vezes julgamos apenas pela aparência e enganamo-nos, pois, aqueles que à primeira vista podem não valer “dez reis”, diante de Deus têm um valor incalculável, pois são capazes de ter um coração aberto, disponível, sensível à partilha, coisa que, aos olhos do mundo, é incompreensível e pouco abonatório, mas que diante de Deus tem um valor incalculável: “Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver”. Exemplo claro disso é o Senhor Jesus, tal como transparece na 2ª Leitura: “assim também Cristo, depois de se ter oferecido uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão” (ver 2ª Leitura).



Vivendo o Evangelho


A sociedade dos espertos é oposta à sociedade evangélica. Isto é mesmo verdade. Realmente, olhando para o nosso mundo vemos que só se “safam” aqueles que ocupam lugares de destaque na sociedade. Os ricos são cada vez mais ricos, exploram, escravizam os mais pobres e, mesmo assim, nunca se sentem satisfeitos, andam sempre a procurar ter cada vez mais. Além disso, sentindo-se auto-suficientes, são insensíveis, têm um coração fechado face àqueles que menos têm ou não têm nada. Casualmente, até são capazes de dar uma esmola a um pobre, mas isso pouco lhes custa, pois têm muito.

Os ricos (os que têm muito dinheiro, grandes contas bancárias, grandes bens), até têm capacidade de dar, mas não de se darem. Ora, olhando para a atitude que Jesus teve para com a mulher pobre e viúva descrita no Evangelho, parece que isso tem mais valor, pois, sem medo e sem reservas, foi capaz de dar o pouco que tinha. É um grande modelo para nós, hoje, vivermos uma vida sensível aos problemas dos outros, atitude que só é possível quando somos conscientes de que Deus está presente na nossa vida e que quer que vivamos, não de qualquer jeito, mas quer dar-nos uma vida nova, vida em abundância, pautada pela partilha, pela solidariedade, pela atenção aos outros, uma vida autêntica. Se assim vivermos, com o pouco contributo que possamos dar, pode ser que consigamos resolver, ainda que de forma parcial, a crise não só económica, mas humana e cristã que a todos atinge.



Agência de Ecclesia; A Caminho


Bento XVI - "teoria do coração", mais que "teoria da razão"


Queridos irmãos e irmãs:

Na última catequese, apresentei as principais características da teologia monástica e da teologia escolástica do século XII, que poderíamos chamar, de certa forma, respectivamente, de “teologia do coração” e “teologia da razão”.

Entre os representantes de uma e de outra corrente teológica houve um amplo debate, às vezes intenso, simbolicamente apresentado pela controvérsia entre São Bernardo de Claraval e Abelardo.

Para compreender esta confrontação entre os dois grandes mestres, é bom recordar que a teologia é a busca de uma compreensão racional, enquanto for possível, do mistério da Revelação cristã, que acreditamos pela fé: fides quaerens intellectum – a fé busca a inteligibilidade –, por citar uma definição tradicional, concisa e eficaz.

Pois bem, enquanto São Bernardo, típico representante da teologia monástica, enfatiza a primeira parte da definição, isto é, a fides (a fé), Abelardo, que é um escolástico, incide sobre a segunda parte, isto é, sobre o intellectus, sobre a compreensão por meio da razão.

Para Bernardo, a própria fé está dotada de uma íntima certeza, fundada no testemunho da Escritura e no ensinamento dos Padres da Igreja. A fé, além disso, reforça-se pelo testemunho dos santos e pela inspiração do Espírito Santo na alma de cada crente. Nos casos de dúvida e de ambiguidade, a fé deve ser protegida e iluminada pelo exercício do Magistério eclesial.

Assim, para Bernardo, era difícil estar de acordo com Abelardo, e mais em geral com aqueles que submetiam as verdades da fé ao exame crítico da razão; um exame que comportava, em sua opinião, uma grave perigo, o intelectualismo, a relativização da verdade, a discussão das próprias verdades da fé.

Nesta forma de proceder, Bernardo via uma audácia levada até a falta de escrúpulos, fruto do orgulho da inteligência humana, que pretende “capturar” o mistério de Deus. Em uma de suas cartas, com muita dor, ele escreve: “A criatividade humana se apodera de tudo, não deixando nada para a fé. Enfrenta o que está acima dela, escruta o que lhe é superior, irrompe no mundo de Deus, altera os mistérios da fé, mais do que os ilumina; não abre o que está fechado e selado, mas o erradica; e o que não acha viável, considera como nada e rejeita crer nisso” (Epístola CLXXXVIII,1: PL 182, I, 353).

Para Bernardo, a teologia tem um único fim: o de promover a experiência viva e íntima de Deus. A teologia é, portanto, uma ajuda para amar cada vez mais e melhor o Senhor, como recita o título do tratado sobre o Dever de amar a Deus (De diligendo Deo).

Neste caminho, há diversos graus, que Bernardo descreve detalhadamente, até o cume, quando a alma do crente se embriaga nas alturas do amor. A alma humana pode alcançar, já na terra, essa união mística com o Verbo divino, união que o Doutor Melífluo descreve como “bodas espirituais”. O Verbo divino a visita, elimina as últimas resistências, ilumina-a, inflama-a e a transforma. Nesta união mística, a alma goza de uma grande serenidade e doçura, e canta ao seu Esposo um hino de alegria.

Como recordei na catequese dedicada à vida e à doutrina de São Bernardo, a teologia para ele não pode senão nutrir-se da oração contemplativa; em outras palavras, da união afetiva do coração e da mente com Deus.

Abelardo, que, por sua vez, é precisamente quem introduziu o termo “teologia” no sentido que entendemos hoje, coloca-se em uma perspectiva diversa. Nascido em Bretanha, na França, este famoso professor do século XII estava dotado de uma inteligência vivíssima e sua vocação era o estudo.

Ele se dedicou primeiro à filosofia e depois aplicou os resultados alcançados nesta disciplina à teologia, da qual foi professor na cidade mais culta da época, Paris, e sucessivamente nos mosteiros em que viveu.

Era um orador brilhante: suas aulas eram acompanhadas por verdadeiras massas de estudantes. De espírito religioso, mas personalidade inquieta, sua existência foi rica em golpes de cena: rebateu seus professores, teve um filho com uma mulher culta e inteligente, Eloísa; esteve frequentemente em polêmica com seus colegas teólogos; sofreu também condenações eclesiásticas, ainda que tenha morrido em plena comunhão com a Igreja, a cuja autoridade se submeteu com espírito de fé.

Precisamente São Bernardo contribuiu para a condenação de algumas doutrinas de Abelardo no sínodo provincial de Sens em 1140, e solicitou também a intervenção do papa Inocêncio II. O abade de Claraval rejeitava, como recordamos, o método intelectualista demais de Abelardo, que a seu ver reduzia a fé a uma simples opinião desvinculada da verdade revelada.

Os temores de Bernardo não eram infundados, mas compartilhados pelos demais, por outros grandes pensadores da sua época. Efetivamente, um uso excessivo da filosofia tornou perigosamente frágil a doutrina trinitária de Abelardo e, consequentemente, sua ideia de Deus.

No campo moral, seu ensinamento não estava privado de ambiguidade: ele insistia em considerar a intenção do sujeito como única fonte para descrever a bondade ou a malícia dos atos morais, descuidando, assim, do significado objetivo e do valor moral das ações: um subjetivismo perigoso.
Este é, como sabemos, um aspecto importante para a nossa época, na qual a cultura aparece frequentemente marcada por uma tendência crescente ao relativismo ético: só o “eu” decide o que é bom para mim, neste momento. Não podemos nos esquecer, contudo, dos grandes méritos de Abelardo, que teve muitíssimos discípulos e que contribuiu para o desenvolvimento da teologia escolástica, destinada a expressar-se de forma mais madura e fecunda no século seguinte.

Não devem ser desvalorizadas algumas das suas intuições, como, por exemplo, quando afirma que nas tradições religiosas não-cristãs já há uma preparação para a acolhida de Cristo, Verbo divino.

O que nós podemos aprender hoje da confrontação, frequentemente intensa, entre Bernardo e Abelardo e, em geral, entre a teologia monástica e a escolástica?

Antes de mais nada, penso que mostra a utilidade e a necessidade de uma discussão teológica sadia na Igreja, sobretudo quando as questões debatidas não foram definidas pelo Magistério, que continua sendo, contudo, um ponto de referência iniludível. São Bernardo, mas também o próprio Abelardo, reconheceram sempre sua autoridade. Além disso, as condenações que este último sofreu nos recordam que no campo teológico deve haver um equilíbrio entre os que poderíamos chamar de princípios arquitetônicos, que nos foram dados pela Revelação e que conservam por isso sempre uma importância prioritária, e os interpretativos, sugeridos pela filosofia, isto é, pela razão, e que têm uma função importante, mas só instrumental.

Quando este equilíbrio entre a arquitetura e os instrumentos de interpretação diminui, a reflexão teológica corre o risco de contaminar-se com erros, e corresponde então ao Magistério o exercício desse necessário serviço à verdade, que lhe é próprio.

Além disso, é preciso sublinhar que, entre as motivações que induziram Bernardo a colocar-se contra Abelardo e a solicitar a intervenção do Magistério, estava também a preocupação por salvaguardar os crentes simples e humildes, aqueles a quem é preciso defender quando correm o risco de ser confundidos ou desviados por opiniões muito pessoais e por argumentações teológicas sem escrúpulos, que poderiam colocar sua fé em perigo.

Eu gostaria de recordar, finalmente, que a confrontação teológica entre Bernardo e Abelardo concluiu com uma plena reconciliação entre eles, graças à mediação de um amigo comum, o abade de Cluny, Pedro o Venerável, de quem falei em uma das catequeses anteriores. Abelardo mostrou humildade em reconhecer seus erros. Bernardo usou de grande benevolência. Em ambos, prevaleceu o que deve estar verdadeiramente no coração quando nasce uma controversa teológica, isto é, salvaguardar a fé da Igreja e fazer a verdade triunfar na caridade. Que esta seja também hoje a atitude nas confrontações na Igreja, tendo sempre como meta a busca da verdade.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Uma cordial saudação aos peregrinos vindos de Coimbra e de São Paulo, ao grupo de Focolarinos do Brasil, aos fiéis cristãos da Catedral Nossa Senhora da Conceição em Bragança Paulista, com seu bispo, Dom José Maria Pinheiro, e à tripulação do Navio-Escola “Brasil” com o seu comandante, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar sua fé e adesão a Cristo, o Senhor dos Navegantes. Ele vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine todas as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e bênção.


Noite de Fados | 7 de Novemcro 2009


Igreja celebra Semana dos Seminários 2009


Uma mensagem de esperança lança a celebração da Semana dos Seminários 2009, que a Igreja Católica em Portugal promove entre 8 e 15 de Novembro próximos.

“Seminário, palavra que chama e envia” é o mote da iniciativa, que lembra as instituições nas quais são formados os novos sacerdotes no nosso país.

O presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios (CEVM), D. António Francisco dos Santos, assinala na sua mensagem para esta semana que “todos somos chamados a assumir os seminários e a formação dos novos sacerdotes como uma missão essencial da vida dos cristãos e das comunidades”.

“Os seminários são os alunos, os formadores e quantos ali trabalham, rezam e colaboram tantas vezes como beneméritos anónimos, discretos e activos. Os seminários são escolas ao modo da escola do Mestre onde se aprende a ser discípulo de Jesus e onde se preparam os apóstolos de hoje”, escreve.

Para este responsável, estamos na presença de “instituições necessárias” que, no contexto presente da formação, “são mesmo insubstituíveis”, deixando votos de que que as comunidades se apercebam “do valor do seminário como presença e esperança no coração da Igreja”.
“Os seminários são instituições que inscrevem no chão sagrado dos seus edifícios as marcas do tempo e da história e elevam nos traços que exteriormente os identificam os sinais da presença da Igreja”, aponta.

Em pleno Ano Sacerdotal, que a Igreja celebra por decisão de Bento Xvi, o presidente da CEVM diz que “o amor pelos seminários, expresso em gestos de oração, de afecto e de generosidade, afirma um belo testemunho de vida eclesial, constitui um sinal de gratidão pelo bem ali realizado”.

“O Ano Sacerdotal deve levar cada vez mais os sacerdotes aos seminários e deve aproximar os seminários das comunidades cristãs”, acrescenta.


fonte: Agência Ecclesia