sexta-feira, 22 de maio de 2009

Maria, Nossa Mãe


Meio-dia.
Vejo a igreja aberta e entro.
Mas não é para rezar, ó Mãe, que estou aqui dentro.
Não tenho nada a pedir, nada para te dar.
Venho somente, Mãe, para te olhar…
Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto:
Eu sou teu filho e tu estás aqui, Mãe de Jesus Cristo!
Ao menos por um momento, enquanto tudo pára,
quero estar neste lugar em que estás, Maria.
Nada dizer, olhar simplesmente teu rosto,
e deixar o coração cantar a seu gosto.
Nada dizer, somente cantar,
porque o coração transborda…
Porque és bela, porque és imaculada,
a mulher na Graça enfim restituída,
a criatura na sua hora primeira e em seu desabrochar final,
como saiu das mãos de Deus na manhã do seu esplendor original.
Intacta inefavelmente, porque és a Mãe de Jesus Cristo,
que é a Verdade em teus braços
e a única esperança e o único fruto.
Porque é meio-dia, porque estás aí,
simplesmente porque és Maria, simplesmente porque existes.


Paul Claudel, “A Virgem do Meio-dia”

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