sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Homilia na Solenidade de Todos os Santos 2009



1.Mostra-me o caminho para Ars, que Eu te mostrarei o caminho para o Céu”! Foi este o primeiro diálogo, entre o Santo Cura d’Ars e um pequeno pastor, a quem o sacerdote pedira guia e companhia, para chegar à sua nova Paróquia. Deste modo, tão simples, João Maria Vianney, cujos 150 da morte motivam a celebração deste Ano Sacerdotal, propunha ao pequeno rapaz o ideal da santidade: é uma meta a percorrer por todos, desde a mais tenra à última idade. No fim de seus dias, o santo pároco convidava, com maior insistência ainda, cada pessoa, a deixar-se santificar por Deus, a buscar, por todos os meios, essa união com Deus, neste mundo e por toda a eternidade, assegurando que “a única felicidade que temos na terra é de amar a Deus e a de saber que Deus nos ama”.


Nas suas pregações, dizia, o santo cura d’ Ars: “Todos podemos ser santos e todos devemos trabalhar, para nos tornarmos santos. Os santos foram mortais como nós, e sujeitos às paixões como nós. Temos as mesmas ajudas, as mesmas graças, os mesmos sacramentos. Podemos ser santos, porque o Bom Deus jamais nos recusará a sua graça, para nos ajudar a tornar santos”. Com acerto lembrava que “nem todos os santos começaram bem, mas todos acabaram bem”.


2. De facto, a experiência humana e espiritual dos santos demonstra que a santidade não é um luxo, não é um privilégio para poucos, uma meta impossível, para um homem normal. Na realidade, a santidade é oferecida a todos, e tornar-se santo é tarefa de cada cristão, aliás, poderíamos dizer, de cada homem, pois a todos, “Deus nos abençoou e escolheu em Cristo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos" (Ef. 1, 4). Portanto, todos somos chamados à santidade. Em última análise, sermos santos consiste simplesmente, em vivermos como filhos de Deus, como família sua, naquela intimidade e "semelhança" com Deus, com que fomos criados. Ora, o "caminho" para o céu, o caminho da santidade, é sempre Cristo, o Filho, o Santo de Deus, pois ninguém chega ao Pai senão por meio d'Ele (cf. Jo. 14, 6). Na verdade, “os santos constituem uma actualização do evangelho na vida quotidiana e, por conseguinte, representam para nós um verdadeiro caminho de acesso a Jesus” (Hans Urs von Balthasar). Diríamos mesmo que “por onde passam os santos, passa Deus com eles!” (Cura d’Ars).


3. Naturalmente, nem todos os santos foram ou são iguais! Dizia, nas suas pregações, o santo Cura d’Ars, recorrendo a uma belíssima metáfora: “os santos são como muitos pequenos espelhos, em que Jesus se contempla. Nos seus Apóstolos, Jesus contempla o seu zelo e o seu amor pela salvação das almas! Nos mártires, contempla a sua paciência, os seus sofrimentos e a sua morte dolorosa! Nos eremitas, Cristo contempla a sua própria vida ignorada e escondida! Nas virgens, pode admirar a sua pureza sem mancha! E, em todos os santos, a sua caridade sem limites”. De modo que, - concluía o nosso santo – “admirando as virtudes dos santos, não fazemos outra coisa que admirar as virtudes de Cristo”! O escritor francês Jean Guitton descrevia os santos "como as cores do espectro em relação à luz", porque com as suas próprias tonalidades e matizes, cada um deles reflecte a luz da santidade de Deus!


4. Irmãos e irmãs: Não é necessariamente um grande santo, aquele que possui carismas extraordinários. Efectivamente, existem numerosos deles, cujos nomes só são conhecidos por Deus, porque na terra levaram uma existência aparentemente normalíssima, desde o varredor ao realizador de cinema, desde a mãe doméstica à cientista de nomeada, desde o pai incógnito ao pai herói. E são queridos por Deus, todos estes santos da nossa vida, precisamente por serem "normais". O seu exemplo testemunha que só quando estamos em contacto com o Senhor, é que nos tornamos repletos da sua paz e da sua alegria, e que somos capazes de difundir por toda a parte a serenidade, a esperança e o optimismo!


5. Termino, uma vez mais, com palavras do Cura d’Ars: “Não tenho que vos provar mais nada, senão a indispensável obrigação, que temos de nos tornarmos santos. Se pudéssemos questionar os santos, eles diriam que a sua felicidade é amar a Deus e estar certos de O amar sempre”.


Deixemo-nos, então, atrair pela fascinação sobrenatural da santidade! Pois só a santidade pode formar, reformar, transformar e conformar a vida de cada um de nós, à imagem de Cristo, o Homem Novo, primícia da nova Humanidade, de um tempo de graça e de mundo novo!

ABC da Catequese

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