sexta-feira, 4 de setembro de 2009

XXII Domingo do Tempo Comum | 6.09.09


A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a “Lei”. Deus quer a realização e a vida plena para o homem e, nesse sentido, propõe-lhe a sua “Lei”. A “Lei” de Deus indica ao homem o caminho a seguir. Contudo, esse caminho não se esgota num mero cumprimento de ritos ou de práticas vazias de significado, mas num processo de conversão que leve o homem a comprometer-se cada vez mais com o amor a Deus e aos irmãos.

A primeira leitura garante-nos que as “leis” e preceitos de Deus são um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude. Por isso, o autor dessa catequese recomenda insistentemente ao seu Povo que acolha a Palavra de Deus e se deixe guiar por ela.

No Evangelho, Jesus denuncia a atitude daqueles que fizeram do cumprimento externo e superficial da “lei” um valor absoluto, esquecendo que a “lei” é apenas um caminho para chegar a um compromisso efectivo com o projecto de Deus. Na perspectiva de Jesus, a verdadeira religião não se centra no cumprimento formal das “leis”, mas num processo de conversão que leve o homem à comunhão com Deus e a viver numa real partilha de amor com os irmãos.

A segunda leitura convida os crentes a escutarem e acolherem a Palavra de Deus; mas avisa que essa Palavra escutada e acolhida no coração tem de tornar-se um compromisso de amor, de partilha, de solidariedade com o mundo e com os homens.



Reflectindo o Evangelho


Certamente que todos reconhecemos que o fosso entre ricos e pobres é cada vez mais notório na nossa sociedade, que dizemos ser desenvolvida e industrializada.

Há uma tendência inata em que nós nos predispomos mais a "encostarmo-nos" àqueles que são mais ricos, que tem mais promoção social e económica. Certamente já todos experimentámos e presenciamos a uma situação destas.

Ora, a Liturgia deste 23º domingo do Tempo Comum vem como que confrontar esta atitude que muitas vemos tomámos, com a própria Palavra de Deus. Na 1ª Leitura, já Isaías alertava o povo de Israel, exilado há 40 anos, a não desanimar e a anunciar a intervenção de Deus em seu favor: "a terra seca se transformará em lago e a terra árida em nascentes de água" (ver 1ª leitura). Aqui está o convite de Isaías: não desanimeis; não vos deixeis abater pelas dificuldades; não vos deixeis dominar pelo medo. Isto são tudo promessas de Deus, promessas verdadeiras, que não são ocas de sentido nem de realização, pois estas encontram-se já no Evangelho deste domingo, espelhado na cura do surdo-mudo, no sentido de mostrar que a Jesus tudo é possível; que com Jesus é possível escutar, ver e falar; melhor dizendo, com Jesus e pelo exemplo de Jesus, agora, os surdos já podem escutar a Sua Palavra e pô-la em prática; que os mudos podem já proclamar aos outros esta mesma Palavra, reconhecendo e louvando as maravilhas que, em todos os tempos, Deus vai operando.

Mas, as maravilhas que Deus vai realizando não se destinam só a alguns. Para Deus não há privilegiados, não há ricos e pobres, todos são filhos e filhas amados de Deus. Daí que S. Paulo, na 2ª Leitura nos alerta para esta realidade: igualdade e fraternidade entre a humanidade, pois "a fé em nosso Senhor Jesus Cristo não admite acepção de pessoas" (ver 2ª Leitura). Aqui reside o grande desafio: olhar para o exemplo de Jesus e ver a sua preferência pelos pobres, pelos marginalizados, pelos sós. Se assim vivermos, o nosso mundo, a nossa sociedade será mais justa, mais equilibrada, será uma sociedade mais rica equitativamente.


Vivendo o Evangelho


Mudar os critérios de vida e de selecção de pessoas: eis o desafio da liturgia deste domingo. Tenhamos cuidado com os juízos e distinções que fazemos das pessoas; como Jesus, tenhamos particular atenção aos nossos irmãos que vivem sós, desanimados, marginalizados. Não basta professar a fé, mas é necessário mostrar a nossa fé através de acções, pois também nós, hoje, somo surdos-mudos que Deus quer curar, nós é que não nos dispomos para isso, fechamo-nos nos nossos esquemas e nas nossas certezas, nos nossos esquemas fixos.



Agência Eclesia; A Caminho



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