sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SE QUERES A PAZ CUIDA DA NATUREZA


Iniciamos o novo ano com diversos “Alertas” e “Apelos”, quer da parte dos políticos, quer da parte da Igreja. Porquê tanta advertência ?

Escutai, então, o que o Espírito diz ao teu povo que nesta passagem de ano se entregou à bebedeira, às orgias e aos gastos supérfluos, em tempo de crise e com tanta pobreza…

Abri os olhos e dai as mãos. Enfrentai a realidade dos problemas com responsabilidade. É o desemprego…São as questões da saúde e da educação…É a precaridade e a insegurança… São as tremendas desigualdades e a imoralidade… a exploração e a corrupção…etc…

A Vice-presidente da Comissão Justiça e Paz não tem dúvidas de que a situação actual “é fruto da nossa liberdade… Somos responsáveis – ou irresponsáveis – pelos desequilíbrios, injustiças, assimetrias e vulnerabilidades que criámos, assim como a imensidade de pobres que não se consegue conter”. Tarda a percepção da necessidade urgente de se alterarem comportamentos.

Os governantes e responsáveis têm deles consciência, nem todos da mesma maneira e a começar o ano falaram. Porém o Papa fala da necessidade de novos estilos de vida para mudar o mundo. O Cardeal Patriarca diz que só numa renovação de civilização a humanidade encontrará os caminhos da justiça e da paz. E diz que a Igreja tem consciência da sua responsabilidade em todas as grandes causas da humanidade, na busca da superação dos problemas com que esta se confronta em cada tempo, e os obreiros dessa contribuição da Igreja para o progresso da civilização são todos os cristãos, inseridos no realismo da sociedade dos homens.

A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do ser humano, da sua dignidade, da sua vocação”.

O Papa centra a sua mensagem do dia de Ano Novo – Dia Mundial da Paz – nos problemas ecológicos, reafirmando que “A Igreja tem a sua parte de responsabilidade pela Criação e sente que a deve exercer também em âmbito público, para defender a terra, a água e o ar, dádivas feitas por Deus Criador a todos, e antes de tudo para proteger o homem contra o perigo da destruição de si mesmo”. A Criação é fonte de paz e harmonia e fermento de alegria que pacifica e harmoniza por dentro, para dominar ímpetos e violências. Infelizmente o homem com o pecado vai fazendo estragos com o egoísmo, o desejo de posse, o poder déspota, a ânsia de ter mais e melhor, a falta de respeito pelos outros… Assim a criação pode tornar-se lugar de luta, de guerra, de furto, de engano, de destruição do amor e da vida, de exploração criminosa, de burla viciada pela corrupção.

O Papa diz que a degradação da natureza está intimamente ligada à cultura que molda a convivência humana (…). Não se pode pedir aos jovens que respeitem o ambiente, se não são ajudados, em família e na sociedade, a respeitar-se a si mesmos; o livro da natureza é único, tanto sobre a vertente do ambiente como sobre a ética pessoal, familiar e social”.

E o nosso Patriarca diz “a solução para todos estes graves problemas da sociedade exige uma profunda revolução cultural e civilizacional, talvez passemos a pôr o acento onde ele deve ser posto: na educação, na família, na comunicação social, nas estruturas culturais, no fundo, na formação para a liberdade, cujo exercício legítimo supõe sempre a responsabilidade da promoção do bem-comum”. E diz o Bispo do Porto, D. Manuel Clemente: “A maior contribuição evangélica para uma ecologia integral é e será o “estilo” cristão de vida, próprio dos que se deixaram libertar por Cristo para a verdade essencial e a beleza absoluta, que n’Ele todas as coisas alcançam, repassadas de caridade universal. Na esteira e no Espírito de Jesus, Francisco de Assis e tantos outros deram ao mundo o que este mais requer: a adoração do Criador e a fruição cuidadosa e solidária dos recursos da criação”.

Começam já a haver muitos cristãos e outros a lutarem por esta causa e a optarem, juntamente com os filhos, por práticas ecológicas, como a poupança de água e electricidade, a separação do lixo ou o controlo dos gastos. São atitudes fundamentais que deviam entrar nos programas de vida. Estas alterações de comportamentos individuais – que não são fáceis, porque toda a sociedade está orientada para consumos excessivos – exigem que façamos um esforço concreto de educação, não só para as novas gerações, mas começando em nós próprios. Então, sim, um Feliz Ano Novo !

Farol de Luz

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