sexta-feira, 11 de setembro de 2009

XXIII Domingo do Tempo Comum | 13.09.09



A liturgia do 24º Domingo do Tempo Comum diz-nos que o caminho da realização plena do homem passa pela obediência aos projectos de Deus e pelo dom total da vida aos irmãos. Ao contrário do que o mundo pensa, esse caminho não conduz ao fracasso, mas à vida verdadeira, à realização plena do homem.



A primeira leitura apresenta-nos um profeta anónimo, chamado por Deus a testemunhar a Palavra da salvação e que, para cumprir essa missão, enfrenta a perseguição, a tortura, a morte. Contudo, o profeta está consciente de que a sua vida não foi um fracasso: quem confia no Senhor e procura viver na fidelidade ao seu projecto, triunfará sobre a perseguição e a morte. Os primeiros cristãos viram neste “servo de Jahwéh” a figura de Jesus.



No Evangelho, Jesus é apresentado como o Messias libertador, enviado ao mundo pelo Pai para oferecer aos homens o caminho da salvação e da vida plena. Cumprindo o plano do Pai, Jesus mostra aos discípulos que o caminho da vida verdadeira não passa pelos triunfos e êxitos humanos, mas pelo amor e pelo dom da vida (até à morte, se for necessário). Jesus vai percorrer esse caminho; e quem quiser ser seu discípulo, tem de aceitar percorrer um caminho semelhante.



A segunda leitura lembra aos crentes que o seguimento de Jesus não se concretiza com belas palavras ou com teorias muito bem elaboradas, mas com gestos concretos de amor, de partilha, de serviço, de solidariedade para com os irmãos.





Reflectindo o Evangelho


A História da Igreja andou muitas vezes às voltas com a questão do lugar da fé e das obras na salvação de cada ser humano. As leituras e interpretações muito fechadas de alguns textos da Sagrada Escritura – como alguns dos textos que lemos neste Domingo – levaram a que os cristãos se dividissem nas interpretações que faziam e, consequentemente, se separassem. Se a profissão de fé de Pedro (ver Evangelho) é a base da salvação de cada cristão, porque a salvação passa pela fé em Jesus, Filho de Deus, o Salvador, sabemos também que a nossa fé se deve manifestar no nosso pensar e agir, numa palavra, nas nossas obras a favor dos irmãos. Daí a expressão de S. Tiago «A fé sem obras está morta» (2.ª leitura). A fé e as obras são as duas faces de uma mesma moeda, que junta o dom gratuito de Deus à nossa vontade e esforço no sentido de cumprir com a sua vontade.


Mesmo que a Sua vontade implique a renúncia a nós próprios, implique sermos rejeitados pelos que são considerados os modelos da nossa sociedade, tal como Jesus o foi. O seu anúncio de sofrimento não foi bem aceite, nem pelos que o seguiam de perto. Mas Ele sabia escolher a vontade suprema que é a vontade do Pai. Ele foi o Servo sofredor de que a 1.ª leitura nos fala, que, apesar do sofrimento pelo qual o obrigaram a passar manteve a sua confiança sempre firme no Senhor Deus.



Vivendo o Evangelho


É difícil estabelecer prioridades nos muitos objectivos que temos a alcançar na nossa vida. Mas temos uma espécie de bom senso que nos leva a rejeitar algumas coisas boas para podermos alcançar coisas ainda melhores. Essa rejeição pode, no imediato, trazer-nos alguma tristeza e algum sofrimento. Mas são tristeza e sofrimento premiados pelo bem maior que se alcança posteriormente. Jesus soube fazer esta gestão de prioridades, não rejeitando o sofrimento que traria um grande bem a cada um de nós: a nossa salvação. Será que somos capazes de fazer com ele esta gestão, ou preferimos o contentamento imediato que seduziu Pedro (ver Evangelho)?



A Caminho; Farol de Luz

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