sexta-feira, 10 de julho de 2009

XV Domingo do Tempo Comum | 12.07.09


A liturgia do 15º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus actua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projecto de salvação. Esses “enviados” devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projecto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios.


A primeira leitura apresenta-nos o exemplo do profeta Amós. Escolhido, chamado e enviado por Deus, o profeta vive para propor aos homens – com verdade e coerência – os projectos e os sonhos de Deus para o mundo. Actuando com total liberdade, o profeta não se deixa manipular pelos poderosos nem amordaçar pelos seus próprios interesses pessoais.


A segunda leitura garante-nos que Deus tem um projecto de vida plena, verdadeira e total para cada homem e para cada mulher – um projecto que desde sempre esteve na mente do próprio Deus. Esse projecto, apresentado aos homens através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta decidida, total e sem subterfúgios.


No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão – que está no prolongamento da própria missão de Jesus – consiste em anunciar o Reino e em lutar objectivamente contra tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Antes da partida dos discípulos, Jesus dá-lhes algumas instruções acerca da forma de realizar a missão… Convida-os especialmente à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.


Reflectindo o Evangelho


Na nossa vida quotidiana estamos tão dependentes uns dos outros que nem nos apercebemos disso. Se, sozinhos, tentássemos levar a cabo o mais banal dos projectos que temos para o dia, de certeza que não o conseguiríamos. Sozinhos não conseguíamos sequer tomar um simples café na esplanada: temos absoluta necessidade de quem o tire e o sirva quente e cremoso, de quem o moa, de quem o leve da loja para o café, de quem o torre, de quem o faça chegar ao nosso país, de quem o colha em terras longínquas, etc. Enfim, seria impossível, dependendo apenas de nós próprios, tomar um simples café.


A liturgia deste Domingo diz-nos algo muito parecido. Se para Deus nada é impossível, se Ele não tem necessidade nenhuma de nós para concretizar o Seu projecto de amor e salvação, parece algo estranho que Ele próprio tenha decidido o contrário e tenha querido ter a nossa participação nessa obra.


Para chegar a povoações vizinhas Jesus enviou os Apóstolos dois a dois, sem mais nada a não ser o bastão da Sua Palavra, com poder para expulsar os espíritos impuros e curar os doentes (ver Evangelho). Para anunciar o arrependimento e a conversão aos habitantes do Reino da Samaria, Deus enviou o profeta Amós (ver 1.ª leitura). E hoje continua a enviar profetas para continuarem este anúncio de salvação. Cada um de nós, baptizados, membros de Jesus Cristo, somos, com Ele, sacerdotes, reis e profetas, que são continuamente enviados a pregar o arrependimento e a curar todos os que são atormentados pelo sofrimento.


Vivendo o evangelho


Nem sempre a missão destes profetas é bem recebida por aqueles a quem são enviados. Mas eles sabem que o sucesso da sua missão passa por permanecerem firmes e constantes na fidelidade Àquele que os envia.


Ele «deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade» (2.ª leitura) para que nós pudéssemos realizar a missão profética de dar a conhecer a todo o ser humano que cada um é filho amado de Deus, escolhido desde sempre (ver 2.ª leitura) e que um dia sobrevirá a união final e definitiva de todos os filhos e de tudo quanto existe com o Senhor Jesus (ver 2.ª leitura), Aquele que continua ainda hoje a enviar os seus discípulos, porque quer ter a nossa colaboração na obra da salvação.
Farol de Luz; A Caminho

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