sábado, 4 de julho de 2009

XIV Domingo do Tempo Comum | 5.07.2009


A liturgia deste domingo revela que Deus chama, continuamente, pessoas para serem testemunhas no mundo do seu projecto de salvação. Não interessa se essas pessoas são frágeis e limitadas; a força de Deus revela-se através da fraqueza e da fragilidade desses instrumentos humanos que Deus escolhe e envia.


A primeira leitura apresenta-nos um extracto do relato da vocação de Ezequiel. A vocação profética é aí apresentada como uma iniciativa de Jahwéh, que chama um “filho de homem” (isto é, um homem “normal”, com os seus limites e fragilidades) para ser, no meio do seu Povo, a voz de Deus.


Na segunda leitura, Paulo assegura aos cristãos de Corinto (recorrendo ao seu exemplo pessoal) que Deus actua e manifesta o seu poder no mundo através de instrumentos débeis, finitos e limitados. Na acção do apóstolo – ser humano, vivendo na condição de finitude, de vulnerabilidade, de debilidade – manifesta-se ao mundo e aos homens a força e a vida de Deus.


O Evangelho, ao mostrar como Jesus foi recebido pelos seus conterrâneos em Nazaré, reafirma uma ideia que aparece também nas outras duas leituras deste domingo: Deus manifesta-Se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Quando os homens se recusam a entender esta realidade, facilmente perdem a oportunidade de descobrir o Deus que vem ao seu encontro e de acolher os desafios que Deus lhes apresenta.



Reflectindo o Evangelho


“Um profeta só é desprezado na sua Terra” – afirmação de Jesus no Evangelho deste Domingo.
Expressão idêntica utilizamos nós também muitas vezes, quando em nossa casa dizemos “só ouves os outros”, pois julgamos que os “nossos” nunca têm razão (Santos da casa, não fazem milagres).
Esta foi a experiência porque passou Jesus. Não só Jesus, mas também Ezequiel e Paulo em Corinto. Jesus acabou mesmo por ser desprezado pelos seus familiares, sendo considerado “louco” por tudo aquilo que fazia e dizia. Ezequiel passa por uma experiência idêntica: a sua vocação era anunciar aos israelitas, povo rebelde e exilado, de “cabeça dura e coração obstinado” (ver 1ª Leitura), que Deus não os abandona; como profeta, Ezequiel anuncia esta presença contínua de Deus e ao mesmo tempo denuncia a rebeldia deste povo. Paulo, em Corinto, é acusado de falso Apóstolo; contudo, não desiste e chega mesmo a afirmar: “quando sou fraco, então é que sou forte”, pois “tudo posso com Aquele que me vivifica” (ver 2ª Leitura).
A Palavra de Deus é como uma espada de dois gumes: fere e cura. A Palavra de Deus sempre incomodou o ouvido do Homem, pois confronta-o com a sua vida, levando-o a rejeitar, muitas vezes, os seus interesses, as suas ideias, os seus ideais, a sua conduta de vida. É por isso que hoje, como ao longo de toda a história, sempre os profetas foram perseguidos, ridicularizados. Importa, pois, tal como Ezequiel, Paulo e o próprio Jesus, não desanimar, enveredar sempre pela via da verdade, e aí certamente o nosso êxito, o êxito da nossa missão será real, será reconfortante, não só para nós mas também para aqueles a quem anunciamos (mas, é claro, isto implica de nós uma coerência de vida).


Vivendo o Evangelho


Anunciar e denunciar. Eis os grandes pilares do verdadeiro profeta. Que seja este o compromisso para mim, hoje, homem e mulher do século XXI: que eu esteja atento a tudo o que se passa à minha volta (a nível político, económico, profissional, educativo, paroquial) e que, com verdade, humildade, rectidão e transparência, seja capaz de denunciar tudo aquilo que é mentira, exploração, escravidão, injustiça… e anunciar com toda a coragem e prontidão, a verdade, a justiça, a fraternidade, a solidariedade, a equidade, este rosto amoroso de Deus por toda a Humanidade, pois quando Lhe dizemos “sim” Ele opera maravilhas em nós.



Farol de Luz

A Caminho


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