sexta-feira, 5 de junho de 2009

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE - 7.06.09




A Solenidade que celebramos no próximo Domingo, dia 7 de Junho, não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.

A segunda leitura confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de Criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; mas é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva.

No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem excepção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária.

Reflectindo o Evangelho


Sendo humano como nós, Jesus enfrentou desafios e frustrações nas suas relações, tal como nós experimentamos nas nossas. Os onze discípulos que partiram para a Galileia estavam com Jesus desde o princípio da sua vida pública; viram os seus milagres, ouviram as suas parábolas, testemunharam a sua Paixão, viram-no morto e agora vêem-no vivo: o Ressuscitado!
No entanto “duvidaram” (Evangelho). Para além da dúvida, os discípulos negaram-no e traíram-no. Não foram capazes de ter sempre o mesmo nível de relação com Cristo, tal como nós não conseguimos manter sempre o mesmo nível relacional com aqueles que nos rodeiam.
A solenidade da Santíssima Trindade é a aclamação da relação perfeita: o Amor que existe dentro da Trindade e que se comunica de forma gratuita à humanidade.
Mas não é fácil reconhecer e corresponder a uma relação de amor proposta por Deus. Na primeira leitura, do livro do Deuteronómio, o Povo de Deus faz um caminho de interrogações sobre as graças recebidas até chegar à aclamação de fé num só Deus, com quem passa a ter uma relação de fidelidade, nem sempre mantida, mas sempre acolhida por parte de Deus.
Na segunda leitura, da Epístola de S. Paulo aos Romanos, a nossa relação com Deus enquanto cristãos ganha uma nova dimensão, recebemos “o Espírito de adopção filial”; Deus já não é visto como alguém distante e inacessível, mas como “Pai”.
No Evangelho encontramos a garantia de que o Deus com quem o povo criou uma relação de fidelidade, e a quem tratamos por “Pai” por causa da graça do Espírito Santo, estará “sempre [connosco] até ao fim dos tempos”.
Para nos mantermos em união com esta relação divina de Amor, Jesus Cristo ordenou que fôssemos introduzidos na união fraternal, que é a Igreja, com o Baptismo “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, pois só na relação na Trindade é que mantemos a nossa relação enquanto filhos amados de Deus.


Vivendo o Evangelho


No nosso dia-a-dia podemos manifestar a nossa fé, que normalmente traduzimos por palavras no Credo, através das nossas relações. Pois se acreditar na Trindade é viver com a Trindade, temos de deixar que os frutos do Espírito operem em nós, para que sejamos veículo do amor de Deus para com toda a Humanidade. Uma forma muito concreta de agir em conformidade com esta fé num Deus que é único, que se revelou aos Homens em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e que continua presente na sua Igreja pelo Espírito Santo, é olhar para a figura de Paulo e para a forma como foi capaz de também se dar por acreditar num Deus que se dá.
A Caminho
Farol de Luz

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