sábado, 27 de junho de 2009

AI DE MIM, SE NÃO EVANGELIZAR


Segundo palavras de Bento XVI, «para S. Paulo, Cristo é o critério de avaliação dos eventos e das coisas, o fim de todo esforço que ele realiza para anunciar o Evangelho, a grande paixão que sustenta seus passos pelos caminhos do mundo».


E para nós, hoje? Cristo continua a ser o critério de avaliação das acções que levamos a efeito nas nossas paróquias?


Com efeito, no final de um ano jubilar, o Ano Paulino, e no início de outro, o Ano Sacerdotal, compete-nos avaliar o que terminou com vista a seguir Jesus neste que agora começa.


«Evangelizar não é para mim um título de glória, mas uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se não evangelizar!» (1 Cor 9,16).


O que aprendemos de S. Paulo, este ano?


Ficámos, por exemplo, a conhecer melhor os seus métodos de evangelização num mundo que não era cristão? É que nós hoje, vivemos num mundo que precisa de uma “Nova Evangelização”, isto é, de modo diferente, linguagem diferente e metodologias diferentes. O mundo actual precisa de se centrar em valores de justiça e de fraternidade. Precisamos de abandonar os novos ídolos: o dinheiro real ou virtual, a ganância de ter cada vez mais a qualquer preço, a ambição do poder que pouco tem a ver com o bem comum; o egoísmo que nos alimenta esta imoral falta de solidariedade; o individualismo que nos fecha numa recusa angustiante de cidadania; o prazer fácil que foi industrializado e que não obedece a regras, mesmo quando elas existem; a sensação de que sou livre para fazer tudo o que me apetece; a impunidade que acompanha a corrupção bem preparada ou a economia paralela; a irresponsabilidade que reduz drasticamente os culpados ou os lincha na praça pública; o desejo de super-rentabilizar os rendimentos mesmo que isso ajude a criar situações bancárias pouco transparentes.



Que alterações introduzimos no nosso comportamento de cristãos, a nível individual, e das nossas comunidades? S. Paulo fundou muitas comunidades cristãs e foram elas que fizeram crescer e o cristianismo. Hoje, a tarefa é de fundar pequenos grupos, pequenas comunidades, onde a fé se pode desenvolver num clima de amor, amizade e confiança.
S. Paulo ensina-nos que todos são precisos: padres, religiosos, leigas e leigos. Tal como S. Paulo se rodeou de colaboradores para imprimir dinâmica de crescimento da fé em Cristo Ressuscitado, hoje também a dinâmica missionária das Paróquias precisa de se basear numa perspectiva de corresponsalidade através da organização ministerial paroquial onde cada um assuma o seu papel na construção da “Civilização do Amor”, seja padre ou religioso, seja leigo ou leiga, seja criança ou adulto, …Como Paulo, é preciso assumir os desafios do nosso tempo. E ser do nosso tempo é falar e testemunhar um Deus que ama a justiça, é combater as injustiças, é ser voz dos famintos. É que o nosso Deus é AMOR e quer que nos amemos uns aos outros e que “todos sejamos um” (Jo 17,11);é um Deus que tem uma especial predilecção pelos mais carenciados de tal modo que se identifica com eles (Mt 25) e faz dos pobres um lugar privilegiado da sua revelação histórica; é um Deus que só podemos amar se amarmos os outros.Se este ano não nos deixou algumas destas preocupações e mudanças, não passou de um lindo fogo de artifício. Bonito, mas que rapidamente será esquecido. E o pior é que a História continua: não fica à nossa espera.Aproveitemos agora o Ano Jubilar Sacerdotal para consolidar estas aprendizagens e para aprofundar a IGREJA VIVA que Jesus quer que sejamos e que também nós queremos ser.


Farol de Luz

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