domingo, 29 de março de 2009

PENITÊNCIA, PREPARAÇÃO PASCAL



O Sacramento da Penitência é um sacramento Pascal. Porquê ? Porque alcança-nos a libertação do pecado e da morte eterna. Como nos reunimos na Eucaristia para dar graças, também precisamos de nos reunir como penitentes para pedir perdão pela confissão dos nossos pecados e celebrar a reconciliação. Este sacramento é rico nas suas formas: desde a forma individual que pode incluir a consulta terapêutica e a direcção espiritual, até uma celebração comunitária que tanto pode terminar com confissões individuais, como até com a absolvição geral, se for o caso.
Podeis perguntar: mas eu preciso de me confessar ? - SIM ! Precisamos.
Pergunto: Não precisamos de nos lavar, tomar banho ? Do mesmo modo precisamos de nos purificar para estarmos bem com Deus, com os outros e connosco próprios. É S. João que nos diz: “Se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e purificar-nos de toda a maldade“(1ªJo. 1,9); e São Tiago exorta-nos: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros para serdes curados”(Tg. 5, 16). Todos temos a experiência de que somos pecadores. A santa Igreja é feita de pecadores. Diante de Deus que é Santo só temos de reconhecer-nos pecadores e pedir perdão. Aliás é o que fazemos quando começamos a celebrar a Eucaristia: “…Senhor tende piedade de nós!…”.
Assim como a saúde ou o mal-estar dum membro do nosso corpo afecta os outros membros, assim também na Igreja, quando o pecado nos fere, os outros também ficam afectados. O que fazemos de bem ou de mal tem influência nos outros. Com o nosso pecado há sempre consequências negativas. Nós não somos ilhas e fazemos parte de um todo, somos vasos comunicantes. O nosso pecado envenena o ar que os outros respiram. Um dos maiores males do nosso tempo é a perda de sentido do pecado. Porque o pior doente é aquele que não reconhece o seu estado, não quer ir ao médico, não aceita tratar-se. Não há critérios de valores morais, não se distingue o bem do mal, não se assume com responsabilidade a gravidade dos actos, das más acções. Porém, o homem é chamado sempre a amar e fazer o bem e evitar o mal. Em momento oportuno a voz desta lei ressoa no íntimo do seu coração; e nem sempre a voz divina aprova as atitudes que tomamos. Como Adão e Eva, escondemo-nos ao ouvir os passos do Senhor, que vem ao nosso encontro (Gn. 3,8). O salmista nos adverte no salmo 95,8-9: “Quem dera que hoje ouvísseis a Sua voz: ‘Não endureçais os corações, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, onde vossos pais me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as minhas obras’”.
É preciso dar ouvidos à Palavra do Senhor, acolhê-lo como Deus e comportar-se como seu povo (Jer. 7, 23). Diz o Senhor: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo”(Apoc. 3,20). É preciso abrir o coração. É preciso renascer. Seja a nossa atitude de espírito como a do jovem Samuel: “Falai Senhor, que o vosso servo escuta!”…ou a dos que ouviam João Baptista: “Que havemos de fazer?”. E Jesus já desde o início desta Quaresma nos anda a segredar aos ouvidos: “Arrependei-vos, convertei-vos e acreditai no Evangelho!”
P. Batalha

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