domingo, 11 de outubro de 2009

XVIII Domindo do Tempo Comum | 11.10.09


A liturgia do 28º Domingo do Tempo Comum convida-nos a reflectir sobre as escolhas que fazemos; recorda-nos que nem sempre o que reluz é ouro e que é preciso, por vezes, renunciar a certos valores perecíveis, a fim de adquirir os valores da vida verdadeira e eterna.

Na primeira leitura, um “sábio” de Israel apresenta-nos um “hino à sabedoria”. O texto convida-nos a adquirir a verdadeira “sabedoria” (que é um dom de Deus) e a prescindir dos valores efémeros que não realizam o homem. O verdadeiro “sábio” é aquele que escolheu escutar as propostas de Deus, aceitar os seus desafios, seguir os caminhos que Ele indica.


O Evangelho apresenta-nos um homem que quer conhecer o caminho para alcançar
a vida eterna. Jesus convida-o renunciar às suas riquezas e a escolher “caminho do Reino” – caminho de partilha, de solidariedade, de doação, de amor. É nesse caminho – garante Jesus aos seus discípulos – que o homem se realiza plenamente e que encontra a vida eterna.


A segunda leitura convida-nos a escutar e a acolher a Palavra de Deus proposta por Jesus. Ela é viva, eficaz, actuante. Uma vez acolhida no coração do homem, transforma-o, renova-o, ajuda-o a discernir o bem e o mal e a fazer as opções correctas, indica-lhe o caminho certo para chegar à vida plena e definitiva.



Reflectindo o Evangelho


Uma antiga lenda budista narra a história de dois monges, o mestre e o aprendiz, que faziam uma grande viagem e, numa noite, para pernoitar, ficaram na casa de um pastor pobre. O pastor tinha apenas um bem, uma cabra. Recebeu-os muito bem e estava muito orgulhoso em poder partilhar o leite da sua cabra com os seus convidados. Antes de partirem o aprendiz estranhou o facto de o seu mestre não dirigir qualquer tipo de agradecimento ao pastor, e interrogou-o se não o iria fazer. O mestre disse que não iria agradecer, mas formulou uma prece: que a cabra morresse. A lenda termina dizendo que o apego que aquele pastor tinha para com a sua cabra estava a bloquear a sua sabedoria e impedia-o de ser totalmente livre.


E a passagem do Evangelho que lemos neste Domingo é sobre isto mesmo. Um jovem vem ter com Jesus e pergunta-lhe o que tem de fazer para alcançar a vida eterna. Argumenta que respeita todos os mandamentos e, face a isto, Jesus diz-lhe: "vai vender tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres [...], depois vem e segue-Me" (Evangelho). Devido à sua grande riqueza o jovem não foi capaz de atender ao pedido de Jesus, que acabou por afirmar: "Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus"(Evangelho).


O que está em causa não é sobretudo o ter muitas riquezas, mas sim o apego que estas podem causar, e como podem ser limitadoras para a nossa liberdade. Mesmo o pobre pastor da lenda não tinha muitas riquezas mas vivia apegado ao pouco que tinha. O grande desafio de Jesus é que sejamos capazes de nos "desapegarmos" para podermos acolher e viver de forma plena a sua mensagem.


Para o conseguirmos contamos com a Palavra de Deus que nos ilumina o caminho (ver segunda leitura), e com a sabedoria, o maior de todos os bens (ver primeira leitura).


Vivendo o Evangelho


"A palavra de Deus é viva e eficaz" (segunda leitura), e é por si própria, isto é, apenas por ser Palavra de Deus, por aquilo que pode inspirar nas nossas vidas. O Evangelho deste Domingo deve ser também para nós fonte de uma vida autêntica, em que o materialismo desocupe o lugar cimeiro das nossas vidas e dê lugar ao desapego, pondo aquilo que temos ao serviço de algo maior, colocando-o como meio para melhor seguirmos aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, Jesus Cristo.

Farol de Luz; A Caminho

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